Gastronomia de Bordo: Traineira – a paixão pela comida tradicional

A Avenida José Estêvão é transversal (até de um modo literal) ao sentir gafanhão. Na Gafanha da Nazaré, essa avenida é, também, poiso de vários locais de deliciosa paragem gastronómica. E os outros ficam por perto, tornando-se fácil estacionar e perguntar onde almoçar ou jantar…

Um dos clássicos desta zona é a Traineira, ou o Traineira, se nos quisermos referir ao “restaurante”. Um local onde se vai comer comida de “tacho”, de conforto e de prazer.

A experiência gastronómica definida é para duas pessoas e a “meia dose” apresentada era farta e deliciosa. Mas adiante. A entrada veio bem apresentada e bonita, com os clássicos bolos, ovas e “desfiada” (o nome polido para aquilo que estão a pensar) do nosso bacalhau a aparecerem na mesa em forma conjunta, de forma agradável à vista e ao paladar, bem temperados de azeite (que como o vinagre é alentejano, da Herdade do Sobroso).

A rapidez de serviço ficou demonstrada, e bem, no caso do prato principal, o tal tachinho muito aguardado. Dose generosa para duas pessoas, e rapidez de serviço. Vinte e cinco exatos minutos depois de sentado, já o tacho bem nutrido da caldeirada de línguas de bacalhau estava a chegar à mesa. O primeiro impacto foi positivo. Parecia apetitoso, equilibrado de cores e sabores. A confirmação veio às primeiras garfadas. Uma quantidade de línguas que deixa qualquer um satisfeito e um jogo de texturas, conjugado com o ovo escalfado ainda líquido que transforma um prato dito normal numa delicia visual.

No serviço de vinhos, mostraram o cuidado na questão do frappé, copo e na referência a ser a “última” garrafa daquele ano, permitindo-me escolher outra. Continuei no Munda 2017 Encruzado, que cumpriu bem a sua função, com a madeira visível, mas a integrar-se bem com a gordura do prato.

Como sabem olho com grande atenção para a carta e para os vinhos presentes. Esta, pelas condicionantes atualmente existentes, é nos apresentada num tablet, facilmente legível, embora com potenciais melhorias (nomeadamente, para os clientes mais exigentes, a questão do “ano dos vinhos”). Como a maioria das cartas na nossa região, o Douro predomina e a seguir o Alentejo com extensas representações, ou não fosse o restaurante de “wine and food”. A Bairrada encontra-se representada com 20 Tintos e 10 Brancos, onde os clássicos Campolargo, Luís Pato, Saima, São João e Colinas estão bem representados. Ficou a promessa de mais brancos, quando a tempestade amainar.

O João Paulo Costa e a família são “veteranos” nessas andanças. É um restaurante famíliar, na verdadeira aceção da palavra. Desde a cozinheira de mão cheia que nos serviu esta deliciosa refeição ao filho que nos serviu o vinho. E o percurso deles é a a paixão pelo mar e pela Gafanha. Timoneiro, Porão durante muitos anos e agora a Traineira, no espaço icónico onde era o Gafanhão (como sabe quem já leu estas crónicas desde o ano passado). Quanto ao nome do restaurante, também são as memórias familiares, de um café, que todos os dias o faz abrir o espaço!

Os filetes de polvo, as línguas fritas, a feijoada de samos, a caldeirada de enguias e a açorda de gambas são razões mais do que suficientes para lá voltar depois do Gastronomia de Bordo!

entradas

OVAS DE BACALHAU

BOLINHOS DE BACALHAU

BACALHAU DESFIADO

prato principal

CALDEIRADA DE LÍNGUAS DE BACALHAU

35,00€/2 pessoas

Traineira

Avenida José Estêvão 578, Gafanha da Nazaré

sexta e sábado 12h00 ~ 15h00 e 19h00 ~ 22h00 e domingo 12h00~15h00

Gastronomia de Bordo: Manel O Leão – Regresso evolutivo às origens

No centro da Gafanha da Nazaré existe um mercado. E um sportinguista. E nos mercados, há sempre um regresso às origens, ao sector primário. Ainda mais acentuado em terra de pescadores e agricultores. Querem saber como isto tudo se conjuga? É só continuar a ler!

Chegar ao espaço onde fui almoçar, o “Leão”, agora “Manel O Leão”, não é difícil. Se dúvidas houvesse, bastaria o enorme simbolo na porta… É o restaurante do mercado, uma churrasqueira que está a evoluir para um espaço confortável, onde a madeira escura é agora a rainha e que tem pormenores do campo e um individual em madeira que salta à vista! O móvel, rotativo, onde estão os apetrechos vínicolas – leia-se, os vinhos existentes – também é de realçar.

Ora, mais uma vez fui à Experiência gastronómica do Festival “Gastronomia de Bordo”. Aqui, as entradas contemplavam pataniscas e caras fritas, seguidas de um rancho de samos de bacalhau e concluídas, a preceito, por bacalhau assado na brasa com migas. Comidinha de conforto, era o expectável.

O primeiro comentário vai para os copos e para os vinhos, demonstrativos da importância que se pretende dar a esse sector. Copos de qualidade e vinhos fora do comum, tendo eu optado pelo Encruzado da Quinta do Perdigão, um belíssimo vinho com um rótulo a condizer e que funcionou perfeitamente com a refeição servida.

À falta das pataniscas, serviram dose reforçadíssima de caras fritas, envoltas em cebola rusticamente cortada e salteadas, e um toque de vinagre a sobressair. As alfaias ficaram um pouco de lado porque as ditas, para serem degustadas até ao fim, necessitam de usarmos as mãos… e que bem souberam. O Rancho, que chegou pouco depois, fazia jus ao nome. Tinha conteúdo, tinha tudo. E também samos bem grandes, com origem em animais de porte. Grão de bico, batata, massa, chouriça, cenoura, pimentos tornaram-se numa refeição que “enche” as medidas!

O bacalhau assado na brasa com migas continua a mostrar a apetência, e o registo, pela comida de conforto pretendida. Couves bem salteadas, pão torrado e azeite a bom nível num prato a preços honestos, fazem perceber o segmento e o público que se pretende atingir.

A casa em que o filho, João Marques, está agora a gerir, é do seu pai, afinal, o “Leão” e o Manel que dá nome à mesma, situa-se há 13 anos no Mercado da Gafanha da Nazaré, com farto estacionamento, um senhor que passou por casas muito conhecidas na Gafanha da Nazaré, como o “Gafi”, “A Tasca” ou, no local onde é actualmente a “Traineira”, “o Gafanhão”. Também foi embarcado, cozinheiro no mar, antes de voltar para terra.

Quem também andou pelo mundo foi o filho, que cursou Gestão Hoteleira na Universidade do Algarve, tendo depois estado em projetos em inglaterra, tendo trabalhado com, entre outros, Gordon Ramsay. Também fez o WSET 3, formação de Sommelier e depois teve espaços no Algarve, como o Terroir e, durante anos, o “Wine Emotions”. Fruto de algumas questões de saúde familiares, voltou às origens e pretende que o espaço tenha mais uso da grelha, também nas carnes de qualidade. E garante que terá ainda mais conforto e mais vinhos, diferentes. A conferir em 2020.

Manel O Leão Mercado Municipal da Gafanha da Nazaré,
Alameda D. Manuel II, Gafanha da Nazaré
quarta a segunda 12h00~14h30 . 19h00~22h00
Reservas: 234 396 086

Magnum Wine Radio 241 – Nova vida para o Palácio Anadia

Cláudia Paiva não tem uma tarefa fácil. Quer por uma casa icónica de Mangualde, que todos os que por lá passam têm que conhecer, como uma MARCA de grande nível da Região Vinícola. Por o Palácio no topo dos vinhos do Dão é a razão para o ressurgimento do projeto. Mas se querem saber mais, ouçam o podcast e a entrevista da Cláudia

Magnum Wine Radio 213 – Bebes.Comes comemora aniversário com WineSet

O projecto Bebes.Comes, do casal Joana Marta e Pedro Moreira organiza já no próximo dia 12 de Janeiro mais um evento da sua lavra, o Wineset Bebes.Comes 2019, desta feita no espaço Cais à Porta, na zona da Beira-Mar em Aveiro. Em pleno fim de semana de São Gonçalinho, eis que das 15h às 19h, nove produtores irão animar (com um DJ à mistura) os enófilos presentes. Ouça tudo no podcast!

Magnum Wine Radio 204 – A serena Vinha Paz do Dão

Henrique Moniz é o atual gestor do projeto “Vinha Paz” e o filho de António Canto Moniz, o médico do Porto que manteve a tradição familiar ligada ao vinho, no coração do Dão.

Vinha Paz é o vinho sereno, confiante no seu terroir, e que nos dá a conhecer o que é o vinho do Dão. Blends desde sempre, com um Vinha Othon que todos deveriam conhecer, este é um projeto pequeno que o Henrique nos dá a conhecer no podcast!

Magnum Wine Radio 194 – A Patricia, a “Rosa” do Dão


“Rosa da Mata” é a marca pessoal da enóloga Patricia Santos, que cumpre a sua paixão de sempre, fazer vinhos, mas é muito mais do que isso. É que há fazer vinhos e fazer vinhos. Este é mais uma paixão pessoal, um projecto pessoal. Uma homenagem, um estilo, um amor a uma casta, uma história. Ouçam o podcast para ficar a saber mais do Rosa da Mata… e inevitavelmente da Patricia…

Magnum Wine Radio 192 – O futuro de Carlos Raposo

Carlos Raposo pode ser um nome desconhecido para a maioria dos consumidores de vinho. Aliás, é possível que seja um nome pouco conhecido para uns quantos enófilos mais novatos ou mais distraídos. Mas quem gosta dos vinhos Douro e Verdes da Niepoort (só para falar nestes) ou para quem conhece a Quinta de Nápoles, sabe de quem estamos a falar.

E por isso, é natural que seja feita esta entrevista. Não foi muito fácil, porque Carlos Raposo é mais de fazer que mostrar. Maneja a viticultura e a enologia como gente grande, do alto dos seus 30 e poucos anos. O seu estilo? Veremos em breve mas para alguém que se identifica com os Douros DOC by Niepoort, decerto teremos novidades e paixão garantidas no que fizer!

Carlos Raposo anuncia que terá um projeto no Dão mas não só. Acompanhem o futuro. Porque será um fuuro brilhante, não teremos dúvidas!

Magnum Wine Club 169 – Álvaro de Castro, o Dom do Dão

Álvaro de Castro é uma figura no Dão. Tal como as suas quintas. Saes e Pellada são nomes míticos e conhecidos entre apaixonados, enófilos, amantes do vinho. Uma entrevista sem papas na língua onde lembra que gosta de Baga, a sua filosofia de equilíbrio entre vinhos que podem e devem ser bebidos no momento e lembra que o Saes estágio prolongado é o vinho que devem provar para conhecer o seu perfil. E se quiserem ficar apaixonados, bebam Primus ou Pellada, digo eu 🙂

Magnum Wine Radio 165 – E os premiados do Concurso Vinhos de Portugal são…

Um Beira Atlântico de um jovem produtor bairradino – Flutt Espumante Branco 2015 foi o vencedor, na categoria de “melhor espumante” do concurso de “Vinhos de Portugal” da ViniPortugal. Um total de 369 medalhas, das quais 36 na categoria Grande Ouro, 126 de Ouro e 207 de Prata atestam a excelência do vinho nacional para um total de mais de 1300 vinhos enviados a concurso – mais concretamente 1307 vinhos, produzidos por 372 agentes económicos. O Douro foi a região que recebeu mais medalhas Grande Ouro do júri, recolhendo 7 medalhas, seguindo-se a região do Dão, com 6 medalhas, e Alentejo, com 5 medalhas.

Os vencedores foram conhecidos na passada sexta-feira à noite, dia 18 de Maio, na gala de entrega de prémios do Concurso Vinhos de Portugal, que se realizou no Convento do Beato, e que contou com a presença do ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, e do secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira.

Os grandes prémios do Concurso Vinhos de Portugal, que distinguem os melhores entre os 369 vinhos premiados, foram distribuídos pelas regiões Porto e Douro, Alentejo, Vinhos Verdes, Tejo, Beira Atlântico e Minho:

• “O Melhor do Ano”
Touriga Nacional Tinto (2015) | DOP Douro | Produtor: Quinta do Crasto, S.A

• “O Melhor do Ano Licoroso”
DR Porto 30 Anos | DOP Licoroso Porto | Produtor: Agri-Roncão Vinícola Lda.

• “O Melhor do Ano Varietal Tinto”
Touriga Nacional Tinto (2015) | DOP Douro | Produtor: Quinta do Crasto, S.A.

• “O Melhor do Ano Branco Especial”
Falcoaria Late Harvest (2014) | DOP do Tejo | Produtor: Casal Branco Sociedade de Vinhos S.A.

• “O Melhor do Ano Varietal Branco”
Alvarinho Deu La Deu Premium (2015) | DOP Vinhos Verdes | Produtor: Adega Cooperativa e Regional de Monção, CRL
• “O Melhor do Ano Varietal Branco”
Aveleda Reserva da Família Alvarinho (2016) | IGP Minho | Produtor: Aveleda, S.A.

• “O Melhor do Ano Vinho Tinto”
Passadouro Reserva Tinto (2015) | DOP Douro | Produtor: Quinta do Passadouro Sociedade Agrícola Lda

• “O Melhor do Ano Vinho Branco”
Private Selection Branco (2016) | IGP Alentejano | Produtor: Esporão Vendas & Marketing

• “O Melhor do Ano Espumante”
Flutt Branco Espumante (2015) | IGP Beira Atlântico | Produtor: PositiveWine Lda.

A lista completa pode ser encontrada aqui

Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, faz um balanço positivo da edição 2018 do Concurso Vinhos de Portugal. “O Concurso Vinhos de Portugal constitui uma oportunidade de excelência para a promoção da marca Vinhos de Portugal/Wines of Portugal. Ao longo de uma semana são criadas oportunidades para dar a conhecer junto de especialistas internacionais a diversidade de vinhos de qualidade que Portugal produz, não só através dos momentos de avaliação do Concurso mas também através do contacto direto com os agentes económicos, em jantares vínicos e visitas a produtores, bem como com a realização de master classes dedicadas ao vinho português”.

À semelhança das edições anteriores, o Concurso Vinhos de Portugal 2018 teve uma primeira fase, realizada no CNEMA, em Santarém, na qual cada vinho foi apreciado em prova cega por um júri composto por especialistas em vinhos, nacionais e internacionais, entre enólogos, jornalistas, sommeliers e outras entidades ligadas ao vinho. Com base nas escolhas feitas na 1.ª fase do Concurso, o Grande Júri, composto por John Szabo MS (Canadá), Evan Goldstein (EUA), Dirceu Vianna Junior MW (Brasil e Reino Unido), Andrés Rosberg, presidente da ASI (International Sommelier Association) e por Luís Lopes, presidente do Concurso, e Bento Amaral em representação de Portugal, escolheram os grandes vencedores do Concurso Vinhos de Portugal, atribuindo as medalhas Grande Ouro e os Melhores do Ano.

Magnum Wine Radio 153 – Nuno Cancela de Abreu, o senhor de Mortágua

Nuno Cancela de Abreu é um senhor do vinho. Experiência feita noutras regiões, quis fazer o “seu” projeto familiar na terra natal. Mortágua ficou uma terra de boas quintas e Nuno Cancela de Abreu conseguiu, passo a passo, solidificar uma marca que, recentemente, recebeu a coroa do reino – um Dão Nobre. E não quer parar por aqui. Fique com a história deste Senhor do Vinho, Nobre de Mortágua, pela voz do próprio.