A nova temporada do podcast Magnum Wine está de regresso!!! Mais episódios, mais notícias…. Amanhã, num blog que conhecem e com um copo na mão! 🙂
Alguns júris, muitas provas, belíssimos jantares e muito para ouvirem nas próximas semanas!
Cerca de duas dezenas de apaixonados estiveram recentemente em Aveiro, no Restaurante SALPOENTE (que, diga-se, nos recebeu como verdadeiros príncipes do vinho) para aprender e muito sobre a casta BAGA.
Não entrando em discussões sobre se nasceu na Bairrada ou no Dão ou nos dois, o trajecto que foi feito foi temerário: proporcionou-se aos presentes um verdadeiro teste aos sentidos – (re)conhecer a casta!
Deixou-se de lado os vinhos que “gritam” Bairrada por todo o lado, pelo estilo, pela força, pelos taninos. Fomos tentar descobrir onde é que temerários produtores plantam a casta fora da Bairrada. Demos espaço a alguns dos jovens que estão a reinterpretar a casta (ou como outros dizem, voltando a métodos antigos) e misturámos tudo!
Depois de uma alocução sobre a casta pela mão do grande Ataíde Semedo, o grupo, constituído por alguns tarimbados em provas cegas, variadíssimos neófitos nestes metiers e alguns enólogos ou profissionais do sector, teve que “suportar” estoicamente 18 vinhos, não sabendo se estavam a beber Bagas feitos na Bairrada ou fora dela.
É que o desafio também foi esse! Desde o início, o Magnum Wine Club/Bairrada Wine Passion, com o apoio dos Cegos por Provas, quis juntar TODOS os vinhos com casta BAGA criados fora da Bairrada com os Bagas da Nova Geração (ou feitos como os antigos).
Conseguiu-se um plantel de grande nível. Praticamente todos os produtores de fora da Bairrada estiveram presentes e alguns da Bairrada. Aqui ficam os nomes dos que aceitaram o nosso desafio.
Fita Preta (António Maçanita) do Alentejo: Adega Camolas e Quinta Brejinho da Costa, de Setúbal; das Terras de Sicó, o Monte Formigão; pela Beira Interior, a Quinta dos Termos e pelo Douro, a Quinta de Vale Meão.
O “plantel” da Bairrada compunha-se de Ares da Bairrada (Regateiro), Ataíde Semedo, Campolargo, Caves Messias, GIZ, Pedro Guilherme Andrade, Vadio e VPuro.
Em termos globais, foi muito interessante verificar as conversas entre os presentes, muitas vezes sem saberem qual a “região” dos vinhos – cada flight tinha vinhos que eram “ou da Bairrada” ou de fora da Bairrada” mas no global o que foi mais curioso, sem dúvida, foi o espanto sobre os estilos, as formas de fazer e de trabalhar a casta BAGA.
A prova foi sobretudo educativa e por isso não serão publicados os resultados gerais, apenas acessíveis aos produtores presentes e aos participantes. Queremos no entanto referi r que a qualidade global foi muito interessante, com a constância das classificações (1 ponto a separar mais de metade dos vinhos em prova numa escala 10-20) e algumas surpresas.
Poderemos, de qualquer forma, dar os parabéns a todos os produtores, referindo que os vinhos Monte Formigão 2015 (Terras de Sicó) e Comendador Costa Reserva 2014 foram os que mais agradaram no sector dos “fora da Bairrada enquanto que entre os participantes da Bairrada, alguns dos preferidos foram o Grande Vadio 2013, o Ataíde Semedo Grande Reserva 2015, o Vinho D’Anita 2015 (Ares da Bairrada) e o Giz Quinta das Cavaleiras.
Muitos ficaram agora rendidos a todos os Bagas, desde os clássicos a este tipo de produtos e acreditamos que, só por isso, a prova já tenha validado a pena!
Um estudo Magnum Wine Club / BairradaWinePassion determinou os melhores vinhos da Bairrada para os críticos portugueses. E as conclusões são agridoces para os produtores desta grandiosa região.
Fazer uma avaliação de um vinho baseado nas opções de somente um crítico é sempre falível. Por muita consideração que tenho por qualquer um dos críticos, poderá haver condicionantes (zangas entre produtores e críticos, gosto pessoal, ser prova cega ou não) que façam com que o exercício solitário da avaliação seja, como referi, solitário e exclusivo. E também por isso, embora tendo opinião pessoal, recuso-me a fazer notas sobre os vinhos. Poderei, eventualmente, fazer listas dos vinhos que me apaixonaram, harmonizaram melhor, os de um determinado evento mas não dar notas absolutas de prova quando nem as condições são as melhores.
Entendi por isso, pegar nos críticos portugueses da imprensa especializada e em avaliadores regulares de vinhos para analisar como se comporta a Bairrada em geral, e os vinhos e os seus produtores em particular. E a imagem poderia ser bem mais bonita, o que comprova que ainda falta muito por fazer.
Para avaliar quais os melhores vinhos provados em 2017, temos que fazer duas tabelas: uma absoluta (que pessoalmente desconsidero em relação à outra) e outra em que apenas colocamos os vinhos provados por mais do que uma revista. Entendemos ser esta última mais JUSTA. Também avaliei as preferências pessoais de cada um dos críticos/revistas, nas tabelas que estão apresentadas no final do texto.
A segunda tabela, que como refiro, considero injusta, como poderão notar nas tabelas das revistas, é a seguinte:
Quanto a tendências e conclusões, aqui ficam:
As casas que mais provas enviam, que usam mais esta ferramenta são a Aliança Vinhos de Portugal (o Aliança Reserva Tinto fez o pleno e foi analisado em todas as revistas e críticos), sendo Campolargo, São João e São Domingos igualmente versáteis a mandar. Casa de Saima, Messias e Adega de Cantanhede recebem menções honrosas nesse aspecto.
É importante analisar também que a Bairrada é caracterizada pela preponderância de empresas de pequeno porte, com gestão familiar, o que poderá alterar a forma como se pensa na comunicação dos vinhos e no seu envio para análise.
Por fim, quero também lembrar que muitas das empresas da Bairrada ainda trabalham para um segmento de preço baixo (com produtos de qualidade interessantíssima para o preço apresentado) e entendem que os seus produtos não vão ser analisados devido a isso. Mas há bons exemplos do contrário, como poderei demonstrar a quem pretender.
Em relação à metodologia descrita abaixo, quero apenas realçar alguns pormenores. Optei, à falta de uma validação própria como a tabela da Decanter (de comparação entre notas 50-100 e notas 10-20) por fazer apenas a redução matemática, algo sempre criticável. Também poderão perguntar porque me centrei apenas em notas portuguesas. Simples… este estudo é para o mercado português, para o consumidor português. Desejo tudo de bom para as marcas exportadoras da Bairrada.
O estudo / ranking Magnum Wine Club / BairradaWinePassion 2017 tem por base os vinhos com denominação de origem Bairrada ou de produtores reconhecidos na Bairrada que submeteram garrafas suas a análise crítica de meios de comunicação social e críticos com publicações regulares. Foram escolhidas a Paixão pelo Vinho (nº67 a 70) referentes a 2017, Wine (a última edição), Revista de Vinhos e Vinho Grande Escolhas, Fugas, Evasões e os livros Copo e Alma de Aníbal Coutinho (só com 363 referências) e o guia do João Paulo Martins 2018. Todas as marcas registadas são propriedade dos seus autores/produtores tendo este estudo sido realizado usando somente dados públicos, propriedade intelectual das revistas.
Os factos são factos, as conclusões são da minha inteira responsabilidade.
Aveiro, 15 de Janeiro de 2018
João Manuel Oliveira
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